Contra a crise do custo de vida – outubro 2022

A economia global está passando por uma série de desafios turbulentos. Inflação mais alta do que a observada em várias décadas – apertando as condições financeiras em maioria das regiões – a invasão da Ucrânia pela Rússia e a persistente pandemia de COVID-19 pesa muito sobre a perspectiva econômica. A normalização das taxas monetárias e fiscais, políticas que forneceram suporte sem precedentes durante a pandemia, está esfriando a demanda à medida que os formuladores de políticas procuram baixar a inflação levando-a de volta para suas metas. Entretanto, uma parcela crescente das economias estão em desaceleração econômica ou, inclusive, contração. A saúde futura da economia global repousa criticamente sobre a calibração bem sucedida de política econômicas, o curso da guerra na Ucrânia e a possibilidade (ou não) de um aumento da oferta global, relacionadas ainda com a pandemia e as medidas de contenção, principalmente na China.

Prevê-se que o crescimento global desacelere de 6,0 % em 2021 para 3,2% em 2022 e 2,7% em 2023. Este é o perfil de crescimento mais fraco desde 2001, exceto pela crise financeira global e pela crise da pandemia de COVID-19. Observa-se desacelerações significativas para as maiores economias: uma contração do PIB dos EUA no primeiro semestre de 2022, a contração geral na zona do euro no segundo semestre de 2022, e surtos prolongados de COVID-19 e bloqueios em China com uma crescente crise no setor imobiliário. No fim, um terço da economia mundial enfrenta dois trimestres de crescimento negativo.

 Prevê-se que a inflação global aumente de 4,7% em 2021 para 8,8% em 2022, mas cairá para 6,5% em 2023 e 4,1% até 2024. Constataram-se maiores altas do que esperado da inflação nas economias avançadas, com maior variabilidade no mercado emergente e economias em desenvolvimento.

Os riscos para as perspectivas futuras permanecem grandes. Entre eles considera-se que a política monetária pode calcular mal o postura correta para reduzir a inflação. Os caminhos de política nas maiores economias podem continuar a divergir, levando à valorização do dólar americano e tensões no sistema financeiro internacional. Ainda mais, choques de preços de energia e alimentos podem fazer com que a inflação persista por mais tempo, ao passo, que o aperto global nas condições de financiamento pode desencadear sobre-endividamento dos mercados emergentes.

O equilíbrio de riscos está firmemente inclinado para baixo, com cerca de 25 por cento de chance de um ano à frente crescimento global caindo abaixo de 2,0 por cento – no 10º percentil dos resultados do crescimento global desde 1970.

As recomendações do Fundo Monetário Internacional são de afastar esses riscos com políticas que mantenham o rumo para restaurar a estabilidade de preços. Especificamente no Capítulo 2 sugere-se: um aperto monetário antecipado e agressivo para reduzir a inflação via desacople das expectativas das famílias e empresas em relação à inflação recente; uma política fiscal orientada aos grupos vulneráveis ​​por meio de apoio de curto prazo a fim de aliviar o fardo da crise do custo de vida sentida em todo o mundo.

Em relação aos países com endividamento elevado, os maiores custos dos empréstimos e a dificuldade em retomar o crescimento de forma sustentável, requer uma revisão e melhora nas estratégias para a resolução do endividamento. Com o aperto financeiro em escala global as políticas macroprudenciais devem permanecer ativas para mitigar riscos sistêmicos. Intensificar as reformas estruturais para melhorar a produtividade aliviaria as restrições de oferta apoiando a política monetária no combate à inflação. Já políticas para acelerar a transição para a energia verde renderão recompensas de longo prazo para a segurança energética e os custos de mudanças climáticas em curso. No capítulo 3 do relatório enfatiza-se sobre as medidas a serem tomadas para que, em um horizonte de 8 anos os custos macroeconômicos sejam gerenciáveis. Por último, resgata-se a cooperação multilateral para impedir a fragmentação que poderia reverter os ganhos em termos econômicos e de bem-estar de 30 anos de integração econômica.

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