O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta terça-feira (22/2), a previsão para a inflação brasileira em 2022. A variação prevista para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi revisada de 4,9% para 5,6%, percentual que supera o teto da meta de inflação, estabelecido em 5% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A previsão anterior foi divulgada pelo Ipea em dezembro do ano passado, na Visão Geral da Carta de Conjuntura. A revisão foi motivada por fatores que combinam: inflação corrente elevada, pressões persistentes de commodities, cadeias produtivas desreguladas e condições climáticas menos favoráveis para algumas culturas agrícolas neste início de ano.
No caso do IPCA, além de uma revisão mais abrangente dos preços dos alimentos no domicílio e dos bens livres, com previsões que avançaram de 4,5% e 3,7% para 6,1% e 5,0%, respectivamente, a alta estimada para os preços monitorados passou de 5,4% para 6,0%. No caso dos serviços livres e da educação, foram mantidas as estimativas de 5,2% e 7,9%, tendo em vista que seguem vigentes as condições utilizadas para a projeção anterior, ou seja, crescimento econômico moderado e recuperação gradual do mercado de trabalho, o que deve impedir uma retomada mais forte da demanda interna.
A variação projetada para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também foi revista pelo Grupo de Conjuntura do Ipea para cima: de 4,6% para 5,5%. A pressão maior dos preços dos alimentos no domicílio e dos bens industriais, com taxas de variação estimadas que avançaram de 4,5% e 3,8% para 6,4% e 4,9%, respectivamente, contribuíram para este aumento. No caso dos preços monitorados, houve alta de 5,4% para 6,1%. As taxas de inflação para os serviços livres e a educação foram mantidas em 4,5% e 6,7%, respectivamente.
Na análise publicada, os pesquisadores esclarecem que não estão descartados riscos inflacionários adicionais. Na economia mundial, o agravamento das tensões entre Rússia e Ucrânia pode gerar uma alta mais acentuada das commodities, especialmente do petróleo e do gás. Além disso, as incertezas em relação à política fiscal brasileira, que podem se intensificar devido às discussões inerentes ao processo eleitoral, podem ter impacto negativo na taxa de câmbio.