Por Estêvão Kopschitz Xavier Bastos
A carta de Conjuntura apresenta uma compilação de expectativas para diversas variáveis econômicas. No último numero (Carta de Conjuntura N.52 – julho 2021) são apresentadas previsões para PIB, inflação, juros e finanças públicas.
A previsão de crescimento do PIB em 2021 vem passando por revisões para cima. A previsão da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea, por exemplo, foi revisada de 3,0% – feita em março – para 4,8%. A mediana do Focus/BCB, que era de 3% em meados de abril, agora (2 de julho de 2021) é de 5,2%. O relatório de inflação do BCB de março previa 3,6% e o de junho espera 4,6%. Ao mesmo tempo que o crescimento previsto para 2021 aumentou, o de 2022 diminuiu. Para a economia mundial, o crescimento previsto para 2021 também tem sido revisto significativamente para cima. Para o ano que vem, ao contrário das expectativas para o PIB brasileiro, as projeções para o crescimento mundial também têm sido elevadas.
Com relação ao IPCA deste ano, a previsão da Dimac/Ipea passou de 4,6%, em março último, para 5,9% na divulgação de 30 de junho. Aproximadamente no mesmo período, a mediana do Focus subiu de 4,8% para 6,1%. No relatório de inflação do BCB, a projeção do cenário com Selic do Focus e câmbio seguindo a paridade do poder de compra passou de 5,0% em março para 5,8% em junho. Para períodos mais longos, a inflação implícita na Estrutura a Termo da Taxa de Juros (ETTJ) de títulos públicos mostra que houve redução, nos últimos três meses, na inflação esperada.
Com a normalização da política monetária em maior ritmo, o alcance da Selic de 6,50% passou a ser esperado para outubro deste ano, e não mais no primeiro trimestre de 2023, como era previsto há três meses. A ETTJ real achatou-se, com os vértices mais próximos elevando-se e os mais distantes se alterando pouco.
Nas finanças públicas, tanto a receita quanto a despesa do Governo Central esperadas para cada ano até 2024 aumentaram, mas, como as receitas tiveram revisão maior, o resultado primário esperado melhorou. As melhorias recentes no resultado primário e o aumento do deflator do PIB e do seu crescimento real esperados melhoraram as expectativas para a Dívida Líquida do Setor Público e a Dívida Bruta do Governo Geral. O atual otimismo com as contas públicas parece, no entanto, ir além dos efeitos no curto prazo. Apesar das taxas de juros maiores, a dinâmica da dívida seria favorecida pelo seu menor nível e pelos melhores resultados primários. Como as taxas de juros de longo prazo não se alteraram muito, a menor base de incidência (o estoque de dívida) prevista fez reduzirem-se também as despesas com juros.