Por Felipe Saturnino, Valor — São Paulo
Os mercados financeiros de países emergentes tiveram um “avanço espetacular” em termos de profundidade e liquidez ao longo dos últimos anos e se mostram “muito mais resilientes” hoje para enfrentar um ambiente de alta do juro dos títulos públicos dos Estados Unidos (Treasuries) de dez anos. A avaliação é de Elina Theodorakopoulou, diretora e gestora de fundos da Manulife Investment Management.
Baseada em Londres, Theodorakopoulou avalia que a estrutura de emergentes se aperfeiçoou e pode lidar melhor com uma situação adversa em que carecerão de fluxos de capital externo. “Vimos um avanço espetacular em termos de finanças e confiabilidade desses mercados e também em profundidade, a liquidez aumentou bastante”, pondera.
Ela avalia que a alta do juro americano não é “muito preocupante” hoje para esses mercados, entre os quais está incluído o Brasil, já que reflete um ambiente favorável ao crescimento de economias, tanto desenvolvidas quanto emergentes. No entanto, alerta para um risco: a rapidez do movimento.
“Se o movimento for veloz, certamente causará mais volatilidade e criará dificuldades aos emergentes. Mas se o Fed comunicar que esse movimento não é preocupante, não acho que isso deva tirar o seu sono”, afirma ela.
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[Especificamente sobre o Brasil, a entrevistada afirma que a alta de juros no mercado secundário de títulos públicos não é explicado só pelo movimento dos juros americanos].
“Nós também temos o argumento da pandemia no Brasil, onde a situação é preocupante dado o volume de novos casos, e a situação fiscal.” A profissional avalia que “atrasar ou postergar a vacinação é uma incerteza a mais que se adiciona ao perfil de risco-retorno” dos ativos locais.
“Temos que ver como ocorrerá a vacinação e como ela influenciará Bolsonaro e a equipe econômica em termos de prolongar ou não o auxílio de novo”, afirma ela, citando a pressão por ampliação da ajuda vinda da parte dos governadores. “Em se tratando do Brasil, tudo tem a ver com política.”
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