Segundo o relatório de janeiro da #UNCTAD,
– O IED global desabou em 2020 42%, atingindo os USD 859 bi (USD 1,5 tri em 2019). Esse resultado é 30% menor que o registrado após a crise financeira global de 2008
– A queda foi concentrada nos países desenvolvidos, onde o IED caiu 69%. Os fluxos orientados a países da Europa foram negativos (USD – 4 bi), enquanto que os orientados aos Estados Unidos se reduziram em – 49 %, atingindo os USD 134 bi.
– A queda nos países em desenvolvimento foi de -12% até um estimado de USD 616 bi. A participação das economias em desenvolvimento nos fluxos globais alcançou 72%, sendo a China o principal destinatário.
– A queda do Investimento Estrangeiro Direto entre as regiões em desenvolvimento foi heterogénea: – 37% na América Latina; – 18% na África; – 4% na Ásia.
Fluxos IED por região, 2019 – 2020 (USD bilhões)
Fluxos nas economias desenvolvidas
Os fluxos de IED orientados a países desenvolvidos retrocedeu 69%. Empresas multinacionais reduziram novos investimentos em capital o que, combinado com menores volumes de Fusões e Aquisições, resultou no declínio do capital entre os componentes do IED. Empréstimos inter-company resultaram negativos, enquanto que os lucros reinvestidos tiveram uma queda de 6%.
Inflows orientados a Europa tiveram resultado negativo (desinvestimento), principalmente na Holanda e na Suíça, enquanto que os fluxos na EU27 caíram 71%, com ênfase na Áustria e na Itália. No Reino Unido os fluxos de IED foram negativos em – USD 1,3 bi, produto do resultado (negativo) dos empréstimos Inter companhia e do desinvestimento em capital. Já nos Estados Unidos o IED caiu 49%, principalmente pelo menor investimentos das empresas multinacionais do Reino Unido, Alemanha e Japão, afetando as áreas de comercio, serviços financeiros e manufaturas.
Entre as economias que receberam volumes positivos de IED estão a Suécia e a Espanha – pelos investimentos de empresas americanas –, a Israel – pelas fusões e aquisições no setor de computação – e o Japão.
Economias em desenvolvimento:
Os fluxos de IED para países em desenvolvimento recuaram 12%, sendo afetados todos os tipos de investimentos: projetos greenfields (- 46%); projetos de financiamento (- 7%); Fusões e Aquisições (- 4 %).
Nos países em desenvolvimento Asiáticos o IED caiu 4%, porém com resultados heterogéneos. Os investimentos aumentaram no leste da Ásia, principalmente na China que despontou como o maior receptor de fluxos. No sudeste asiático, Singapura, Vietnam, Indonésia e Malásia registraram quedas, embora investimentos greenfield aumentaram. Já no sul da Ásia, impulsionado pelo resultado da Índia, os fluxos aumentaram 10%, principalmente graças à digitalização da economia. No oeste, o resultado foi negativo em 24%, em grande medida pelo impacto da pandemia nos países exportadores de petróleo, como a Turquia.
Na América Latina e o Caribe, só o México teve uma queda menor a 10%. No Brasil, o IED declinou USD 33 bi, afetando principalmente transporte e serviços financeiros, extração de petróleo e gás e a indústria automotiva. Por sua parte, Peru, Colômbia e Argentina registraram quedas de 76%, 49% e 47% respectivamente.
O declínio afeta todas as formas de IED
Investimentos por tipo e região, 2020 (% vs 2019)
Fusões e Aquisições por setor, 2020 (%vs 2019)
Investimentos greenfield anunciados, 2020 (% vs 2019)
Perspectiva para 2021:
Os fluxos de IED global continuarão em queda em 2021. As incertezas exacerbadas sobre o andamento da crise sanitária e dos novos marcos regulatórios, juntos com os efeitos cumulativos da recessão global afetarão as decisões de investimento e não se espera uma recuperação até 2022. Um eventual aumento em IED é mais provável que aconteça graças às fusões e aquisições do que por novos investimentos. Adicionalmente, os projetos financeiros, importantes para financiamento de infraestrutura, registrados no final de 2020, concentram-se em países desenvolvido, sugerindo uma retomada assimétrica.