Como afirmamos em edições anteriores, nossa intenção ao realizar esse trabalho é disponibilizar, em um único documento, dados de diversas fontes oficiais e de estudos de domínio público que possam contribuir à análise objetiva das restrições e desafios enfrentados pela economia brasileira e ajudar na construção de alternativas e políticas para seu equacionamento e superação.
Esta nova edição dos “20 Anos de Economia Brasileira” incorpora os dados relativos a 2016. Como o leitor poderá observar, é visível o impacto da crise política, desencadeada a partir da eleição presidencial de 2014, sobre o desempenho da economia em 2015, paralisando o Governo e aprofundando os vetores de desaceleração que já vinham se manifestando, particularmente na esfera do investimento. O crescimento inexpressivo registrado em 2014 se transmuta, assim, em profunda recessão econômica no biênio 2015/2016, encerrando o ciclo de crescimento e mobilidade social iniciado em 2004 e mergulhando o País em uma profunda instabilidade política e institucional .
A experiência histórica demostra que não há soluções simples nem receitas universais para enfrentar o atual quadro recessivo, especialmente nas condições que hoje dominam o cenário externo, pleno de incertezas e assimetrias associadas à grave crise econômica e financeira mundial, que já se arrasta por mais de nove anos. Isso renova a atualidade dos desafios colocados por Celso Furtado aos economistas, sintetizados na citação abaixo:
“No curso da história as ciências tem evoluído graças àqueles indivíduos que, em dado momento, foram capazes de pensar por conta própria e ultrapassar certos limites. Com a Economia – ciência social que deve visar primordialmente o bem estar dos seres humanos – não é diferente. Ela requer dos que a elegeram imaginação e coragem para se arriscar em caminhos por vezes incertos. Para isso, não basta se munir de instrumentos eficazes. Há que se atuar de forma consistente no plano político, assumir a responsabilidade de interferir no processo histórico, orientar-se por compromissos éticos.” (In “Metamorfoses do Capitalismo” – Discurso por ocasião do recebimento do título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em dezembro de 2002).
Gerson Gomes